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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A PERSONALIDADE CONSTRUÍDA SOBRE O CREPITAR DAS ONDAS



O vento roçava a superfície do mar, que levantava o espelho d´àgua, que produzia o nascedouro das ondas num espetáculo sem fim. As ondas espumavam diariamente e se debruçavam orgulhosamente na orla das praias.
            Alguns meninos cresceram correndo pela areia. Pegavam as bolhas que se formavam no estalido das ondas. Elas brilhavam na palmas das mãos, mas logo se despediam, dissolviam e vazavam entre seus dedos, como se dissessem: “Eu pertenço ao mar”. Erguendo o semblante para o mar, os meninos diziam secretamente: “Nós também lhe pertencemos”.
            Assim era a vida desses jovens. Seus avós tinham sido pescadores, seus pais foram pescadores e eles eram pescadores e morreriam pescadores. A história deles estava cristalizada. Os seus sonhos? Ondas e peixes.
            Sonhavam com os cardumes. Entretanto, os peixes escassearam. A vida era árdua. Puxar as pesadas redes do mar era extenuante. Suportar as rajadas de ventos frios e as ondas rebeldes toda noite não era para qualquer um. E o pior, o resultado os frustrava. Cabisbaixos, reconheciam o fracasso. O mar tão grande se tornara uma piscina de decepções.

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