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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

'Opostos' em protesto, PM reconhece e abraça ex-professora no Rio

Guilherme Brito Do G1 Rio
 

'Ela me ajudou a passar', diz policial, em barreira contra passagem de ato.
Professora ficou emocionada: 'É um misto de alegria e tristeza'.



PM Ronny Pessanha e sua ex-professora, Virgínia Azambuja, se abraçam no protesto (Foto: Guilherme Brito / G1) 
PM Ronny e sua ex-professora Virgínia se abraçam no protesto (Foto: Guilherme Brito / G1)

O protesto de professores iniciado no início da tarde na Zona Sul do Rio chegou à Rua Pinheiro Machado, onde fica a sede do governo do Rio de Janeiro, e parou em uma barreira policial, por volta das 14h30. Dois representantes de lados "opostos" se reconheceram em meio ao conflito. De um lado, Ronny Pessanha, um PM, que impede o protesto de avançar até o Palácio Guanabara. Do outro, Virgínia Azambuja, sua ex-professora de matemática do Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, que tenta passar pela corrente. Em vez de conflito, os dois preferiram um abraço.
"Ela foi a minha professora e me ajudou a passar de ano", disse o PM.
Emocionada, Virgínia contou que encontrá-lo foi uma surpresa: "São os dois lados da sociedade se encontrando. É um misto de alegria e tristeza de duas forças que hoje estão opostas, mas que tinham uma relação amigável."

Protesto pacífico

Professores e funcionários das redes estadual e municipal de educação iniciaram um protesto por volta das 13h. Às 18h20, o grupo começou a deixar a Pinheiro Machado, rumo ao Largo do Machado, dando fim ao protesto pacífico, às 18h30. Os profissionais estão em greve desde o dia 8 de agosto. Na manhã desta quinta, os servidores da Faetec aproveitaram o ato para votar pela continuidade da greve.

Cerca de 150 pessoas fizeram, na manhã desta quinta-feira (10), uma concentração no Largo do Machado, na Zona Sul do Rio, de onde partiram em passeata rumo ao Palácio Guanabara (Foto: Alexandre Vieira/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)Cerca de 150 pessoas fizeram, na manhã desta quinta-feira (10), uma concentração no Largo do Machado, na Zona Sul do Rio, de onde partiram em passeata rumo ao Palácio Guanabara (Foto: Alexandre Vieira/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Em função da manifestação, até as 18h o trânsito estava interditado na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras. Também havia reflaxos nas ruas das Laranjeiras e do Catete, que estavam com trânsito lento.
Ativistas impediram que um carro do Batalhão de Choque passasse, na tentativa de liberar o trânsito, e o veículo recuou.
Por volta das 13h30, houve um princípio de confusão entre policiais militares e manifestantes. Um grupo que estava colando cartazes e pichando tapumes de uma agência bancária na Rua das Laranjeiras discutiu com PMs que impediram a ação.
No mesmo horário, o grupo caminhava em direção ao Palácio Guanabara. Segundo os profissionais, o objetivo é seguir até a sede do governo estadual e depois até o Palácio da Cidade, em Botafogo, sede do poder municipal.

Professores começaram manifestação no Largo do Mchado, na Zona Sul do Rio (Foto: Guilherme Brito / G1)Professores começaram manifestação no Largo do Mchado, na Zona Sul do Rio (Foto: Guilherme Brito / G1)
Em assembleia realizada na quarta-feira (9), os professores da rede municipal do Rio também decidiram pela continuidade da greve. "A greve continua, prefeito a culpa e sua", foi a afirmação feita pelos professores e funcionários municipais durante a votação na assembleia.
Sobre a segurança da categoria durante os atos, a coordenação do Sindicato Estadual de Professores do Rio (Sepe) afirmou que a categoria ficará mais atenta aos infiltrados nas manifestações. "A gente vai observar melhor e ficar de olho nos infiltrados, inclusive policiais a paisana, para estimular a violência. Nossa categoria é mais feminina, estamos orientando para tomarem mais cuidado com a segurança. A gente respeita todos os apoios. A questão do reajuste salarial não é nosso foco principal e sim a questão pedagógica", afirmou Marta Moraes, coordenadora do sepe.

Professores levam faixas para o protesto. (Foto: Guilherme Brito/G1) 
Professores levam faixas para o protesto.
(Foto: Guilherme Brito/G1)
Violência nos protestos
O Sindicato dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe-RJ) informou nesta quarta-feira (9) que, por causa da violência policial, os professores estão com medo de participar das manifestações.
No entanto, o Sepe destacou que, apesar de não compartilhar com atos de violência, aprova o apoio "incondicional" de outros segmentos da população, como os Black Blocs. "Quanto aos Black Blocks, eu sou grato a esses garotos", disse um dos professores. Eles afirmaram que, apesar de utilizarem métodos diferentes, que o apoio à causa é bem-vindo.
O apoio a outros grupos foi declarado na quarta-feira pela coordenadora do Sepe Susana Gutierrez. “A assembleia aprovou o apoio de todos aqueles que queiram defender a luta em defesa da educação pública de qualidade. (Entre eles) Black Blocs, ABI, OAB, entidades sociais, movimentos sindicais. É importante a gente pontuar que é a assembleia que organiza nossos atos. Nós não fazemos atos de violência”, disse.
Passeata
Na quarta-feira, após a assembleia, centenas de professores saíram em passeata até a sede da prefeitura, na Cidade Nova, fechando ruas e atrapalhando o tráfego. Os manifestantes chegaram lá por volta das 15h.
Segundo Ivanete Conceição da Slva, uma das coordenadoras gerais do Sepe, há interesse em negociar, mas a responsabilidade é da prefeitura. "A responsabilidade é do governo para que o ano letivo continue. Ainda não temos uma proposta de reposição, mas garantimos que o conteúdo será ensinado assim que as aulas sejam retomadas".
Paes pede que professores não 'radicalizem tanto' para greve terminar
Na tarde de terça-feira (8), representantes de conselhos dos profissionais da educação se  com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, para conversar sobre a greve. A reunião ocorreu no Palácio da Cidade em Botafogo, na Zona Sul. Segundo a assessoria do prefeito, apesar do estado de greve, cerca de 91% dos professores já estão dando aulas nas instituições. Paes confirmou o corte de ponto dos grevistas, que será feito de forma retroativa desde o dia 3 de setembro.

 Policiais utilizam gás de pimenta contra professores em greve que participavam de protesto na entrada da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, no centro da cidade, na tarde desta segunda-feira.  (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo) Policiais utilizam gás de pimenta contra professores em greve que participavam de protesto na entrada da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. (Foto: Alexandro Auler/Estadão Conteúdo)
 

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