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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Em assembleia, rodoviários decidem manter greve geral

Rodoviários optaram por manter a paralisação total de suas atividades até que os empresários sinalizem com alguma proposta.
Jock Dean
Da equipe de O Estado

Foto: Flora Dolores
Rodoviários levantam as mãos
A greve dos rodoviários chega ao nono dia hoje, quarto consecutivo de paralisação geral, e ainda não há previsão de término. Em assembleia geral na sede do sindicato da categoria, os trabalhadores decidiram manter a paralisação de 100% da frota, sob a justificativa de que o sindicato patronal não está discutindo o reajuste salarial, já que em oito rodadas de negociações nenhuma proposta foi apresentada. Por enquanto, a única possibilidade de resolução do problema é o julgamento de dissídio coletivo pelo Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT).
A assembleia durou pouco mais de 20 minutos. Durante o debate, Isaías Castelo Branco, diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema), informou aos trabalhadores que a convocação da assembleia aconteceu porque a desembargadora Solange Cordeiro, que presidiu a audiência de conciliação realizada na sede do TRT, na tarde de quarta-feira, dia 28, pediu à categoria que voltasse a cumprir a determinação da desembargadora Ilka Esdra, segundo a qual 70% da frota deveria permanecer em circulação durante a greve.
A diretoria do sindicato informou ainda que, durante a audiência, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) mais uma vez não apresentou proposta de reajuste salarial, mesmo o Sttrema tendo abaixado as suas exigências. "Enviamos nossa pauta de negociações para o SET em tempo hábil, desde fevereiro. Durante a audiência, baixamos de 16% para 11% nossa proposta de reajuste salarial, além de termos retirado da pauta a proposta de diminuição da carga horária, mas os empresários apenas disseram não poder atender nossas demandas, não oferecendo contraproposta", disse Isaías Castelo Branco.
Após isso, a categoria votou e decidiu, por unanimidade, pela continuidade da paralisação geral até que o sindicato patronal faça alguma proposta de reajuste salarial. "Da forma como está, não podemos dizer que exista uma negociação. Como nós podemos fazer alguma avaliação da possibilidade de retomada do serviço, se não temos nenhuma proposta para avaliar e a categoria decidir se aceita ou não?", disse Gilson Coimbra, presidente do Sttrema. A greve dos rodoviários teve início de forma parcial na quinta-feira, dia 22, após ser adiada por 24h.
Dissídio coletivo - Sem acordo entre empresários e rodoviários, a greve só deve ter fim quando o TRT julgar o dissídio coletivo de natureza econômica ajuizado pelo Sttrema na Justiça do Trabalho. Durante a audiência de conciliação, a desembargadora Solange Cordeiro estipulou um prazo de 10 dias para que Município e SET façam as suas contestações. Após isso, o processo será encaminhado para um desembargador, que fará a relatoria do processo e terá mais 10 dias para encaminhá-lo para julgamento.
Enquanto isso, o Sttrema continua sendo multado por descumprir a determinação da desembargadora Ilka Esdra. A multa é de 4 mil por hora de paralisação e já soma R$ 576 mil, equivalente a seis dias de greve - quinta-feira, dia 22; sexta-feira, dia 23; segunda-feira, dia 26; terça-feira, dia 27; quarta-feira, dia 28 e ontem. Mas a assessoria jurídica do sindicato dos rodoviários entrou com um recurso pedindo a revisão da penalidade (veja correlata).
Negociações - As negociações entre rodoviários e empresários começaram em março. Já aconteceram oito rodadas de negociações - três na sede do SET, três no Ministério Público do Trabalho (MPT), uma na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) e outra na sede do TRT. A última tentativa de negociação entre as partes aconteceu na quarta-feira, durante audiência pública na sede do TRT. Os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 11%, aumento no valor do tíquete-alimentação, que passaria de
R$ 429,00 para R$ 600,00; inclusão de um dependente no plano de saúde; e seguro de vida obrigatório no valor mínimo de 10 vezes o valor do salário, conforme determina a Lei Federal 12.619/2012, que regulamenta a profissão de motorista.
Mas, em todos os encontros, os empresários alegaram não ter condições financeiras de arcar com um novo reajuste salarial da categoria. O sindicato patronal cobra do Município, detentor do serviço, que é uma concessão pública, subsídios para continuar mantendo o sistema de transporte coletivo. Entre as propostas apresentadas pelo empresariado à Prefeitura, está a continuidade do repasse da verba indenizatória, que teria de passar de R$ 2 milhões para R$ 4,5 milhões, para cobrir parte o prejuízo mensal do setor, que chega a R$ 9 milhões mensais.
Mas a Prefeitura de São Luís descartou a possibilidade, alegando problemas financeiros, e manteve as propostas já feitas, que é a extinção da domingueira e o combate às fraudes nas gratuidades e meias-passagens, além do combate ao táxi-lotação, que gerariam uma receita mensal de
R$ 1,7 milhão ao setor. Somada à redução do imposto sobre o óleo diesel de 17% para 7%, concedida pelo Governo do Estado, o setor de transportes recuperaria
R$ 2,1 milhões mensais.
Os empresários recusaram as propostas, alegando que essa receita só viria a médio prazo, além disso, o SET afirmou que parte dessas propostas já consta em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), cujas cláusulas não foram cumpridas pelo Município. Também foi descartado o aumento da tarifa de ônibus da capital. Mesmo com o Sttrema reduzindo suas exigências - antes eles pediam reajuste salarial de 16% e a pauta incluía ainda a redução da jornada de trabalho de oito horas para seis horas diárias -, não se chegou a acordo.

Sindicato recorrerá de multa do TRT

Leandro Santos
Da equipe de O Estado
O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (Sttrema) recorrerá da decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA) que aplicou uma multa de R$ 4 mil por hora caso a entidade descumprisse uma ordem que determinava a circulação de no mínimo 70% da frota de ônibus em São Luís durante os dias de paralisação. A multa está sendo aplicada desde quinta-feira, dia 22, e, até ontem, estava em R$ 576 mil.
A decisão que determina a quantidade mínima de ônibus que deveria circular na cidade durante os dias de greve dos rodoviários foi da desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo. O valor total da multa diz respeito aos seis dias em que o Sttrema não cumpriu a liminar assinada pela magistrada: quinta-feira, dia 22, sexta-feira, dia 23, segunda-feira, dia 26, terça-feira, dia 27, quarta-feira, dia 28, e ontem. A multa será aplicada enquanto durar a paralisação dos rodoviários.
Recorrer - O presidente do sindicato dos rodoviários, Gilson Coimbra, afirmou ontem que os ônibus da capital maranhense não circulam em dias convencionais, 24 horas por dias e, por essa razão, ela disse que o sindicato não pode ser penalizado a pagar pelas horas em que os coletivos da cidade já não circulavam. O líder sindical afirmou ainda que o departamento jurídico da entidade já foi acionado para reverter a situação.
"Nós vamos recorrer da decisão. Ontem [quarta-feira], entramos com um ofício na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes [SMTT] para que ela nos repasse a frota real que opera diariamente e não passar a frota programada. Nós temos consciência que estamos sendo multados por não rodar com os 100% da frota, mas sabemos também que em São Luís não existe ônibus por 24 horas e, por isso, não podemos ser multados por essas 24 horas", frisou Gilson Coimbra.

Saiba mais

Dissídios coletivos são ações propostas à Justiça do Trabalho por pessoas jurídicas (Sindicatos, Federações ou Confederações de trabalhadores ou de empregadores) para solucionar questões que não puderam ser solucionadas pela negociação direta entre trabalhadores e empregadores. Os dissídios também podem ser ajuizados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Os dissídios são ajuizados no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e é da competência de um dos desembargadores despachar, instruir e conciliar processos, designar e presidir as audiências, extinguir processos sem julgamento do mérito ou delegar a outro juiz vitalício tais atos.
A assembleia dos rodoviários deveria ter acontecido pela manhã. Ela estava marcada para as 10h, mas precisou ser adiada para as 16h, porque, sem ônibus em circulação na cidade, a categoria não conseguiu chegar ao sindicato. Esse foi a segunda vez que a paralisação total da categoria atrapalhou o próprio movimento. Na quinta-feira, dia 22, primeiro dia da paralisação geral, iria acontecer uma manifestação dos rodoviários, mas como a cidade já estava sem coletivos, os trabalhadores não conseguiram chegar ao local e o protesto foi cancelado.

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