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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Marginais Pinheiros e Tietê abrigam os moradores de SP e suas histórias

Durante dois meses, o programa acompanhou o vai e vem das marginais.
Há pessoas que passam, ganham a vida e outras que vivem nas avenidas.



O Profissão Repórter conta a história das pessoas que passam, trabalham e moram nas margens das vias mais movimentadas de São Paulo. Durante dois meses, nossa equipe registrou o caos nas marginais Tietê e Pinheiros.

A marginal Tietê tem 47 quilômetros de extensão, 23 pontes e muitas histórias. A marginal Pinheiros tem 23 quilômetros de extensão e dezenas de prédios de luxo.
Fabiano Silva mora em uma habitação improvisada, embaixo de uma das pontes da marginal Tietê. Ele conta que a bebida e as drogas o levaram para a rua. O paraense, de 38 anos, já foi metalúrgico, mecânico e jardineiro. Hoje vive recolhendo as latinhas jogadas pelos motoristas. “Eu já morei em lugar muito bom, já tive muita coisa boa”, conta.
O morador de rua diz que foi abandonado pelos pais e adotado por um casal do Paraná quando tinha 1 ano e 3 meses. Há muitos anos Fabiano não vê seus dois filhos, mas diz que nunca deixou de enviar a pensão. Ele mora embaixo de uma ponte do rio Tietê há um ano.
À noite, no horário de pico, 32 mil veículos passam pela marginal Tietê. Em um dia de trânsito complicado, atravessar os 47 quilômetros da marginal Tietê pode levar horas. O cantor Daniel da Conceição aceitou falar com a repórter Danielle França enquanto estava parado no trânsito. “Estou há duas horas aqui. Indo tocar em uma igreja”.
Para reduzir o trânsito, os caminhões não podem circular na marginal Tietê em dois períodos, entre 5h e 9h e 17h e 22h, mas alguns descumprem a determinação e enfrentam o trânsito da via nos horários de pico.

Profissão (Foto: TV Globo)

Os moradores de rua que vivem às margens do rio Pinheiros usam a água de uma bica para tomar banho, lavar as roupas, cozinhar e beber. Pegamos uma amostra dessa água e levamos para um engenheiro químico que trabalha na Cetesb. “Uma análise visual, bem simplificada dessa água, mostra que ela não é potável por dois aspectos básicos, pela presença de sólidos suspensos, e a sua coloração não é adequada, ela não é transparente. O uso humano para essa água é proibitivo”, afirma Nelson Menegon.
A ocorrência mais comum nos 47 quilômetros da marginal Tietê é o acidente de trânsito sem vítima. As colisões acontecem diariamente.
Nos últimos três meses, 600 motos foram apreendidas na marginal Tietê por irregularidades na documentação. As operações visam recuperar motos roubadas e tirar de circulação veículos irregulares e sem documentação.
Na marginal Pinheiros, há muitos trabalhadores que ganham a vida no asfalto. Os vendedores ambulantes que trabalham na via têm medo da fiscalização. “Dá última vez que veio alguém filmar aqui prejudicou a gente na prefeitura”, diz um deles.


Cida “Maravilhosa” trabalha em frente a uma estação de trem há mais de dois anos. Ela vende pão de mel, bala de coco, cocada e maçã do amor. “A minha estratégia é a minha alegria. Porque eu converso com todo mundo, eu brinco com todo mundo”, diz Maria Aparecida. Cida vende seus doces das 17h às 22h e ganha R$ 3 mil por mês.
Do outro lado da avenida, nas casas da marginal Tietê, os moradores convivem com a poluição, o barulho e os animais vindos do rio, como ratos e baratas. Já nas margens do rio Pinheiros, em alguns pontos os apartamentos custam mais de R$ 30 milhões.

 

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