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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

População de peixes do Tietê só será recuperada em 4 anos, diz biólogo

Cerca de 40t de peixes morreram após passagem da 'água preta' em Salto.
Cetesb diz que chuvas fortes causaram problema; município pagará.

Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A quantidade de peixes que morreram no rio Tietê, em Salto (SP), após a passagem da "água preta" só será totalmente reposta daqui a quatro anos, segundo o biólogo Welber Smith. A mancha escura, que dominou cerca de 100 Km do rio no último dia 27, matou 40 toneladas de peixes de diversas espécies.

Morte de peixes em Salto (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti) 
Milhares de peixes morreram em Salto após água
preta (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti)
 
"Para repor o número de peixes, vão no mínimo três piracemas [época de reprodução desses animais]. Não dá para estimar o tamanho do impacto ambiental. Esses peixes serviriam de alimento para outros animais, que serviriam de alimento para outros e assim por diante", diz o biólogo.
Segundo ele, cada casal de curimbatás - espécie mais comum no Tietê - poderia dar origem a até 20 mil novos peixes na época de reprodução. Porém, ele afirma que a piracema deste ano será afetada negativamente pelo fenômeno da água escura. "Vai prejudicar a reprodução e recrutamento de novos indíviduos", explica Smith.
Além do prejuízo ambiental, o município de Salto deve pagar todas as despesas relacionadas ao fenômeno. A prefeitura informou que vai cobrar das autoridades competentes uma investigação aprofundada sobre o que realmente ocorreu.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) informa que o fenômeno da água preta foi provocado por resíduos que estavam acumulados no solo e no leito do rio, trazidos à tona com as chuvas que atingiram a região. Na tentativa de buscar oxigênio em água limpa, os peixes migraram para o córrego do Ajudante, afluente do rio Tietê, com aproximadamente um quilômetro de extensão, mas não conseguiram sobreviver.
O secretário de meio ambiente da cidade, João de Conti Neto, diz que não acredita na explicação da Cetesb. "São vários dados que nós estamos levantando: a precipitação de que choveu em São Paulo, o tempo que passou por aqui, incidência em outras cidades, localização de barragens, é um trabalho detalhado. Por isso, amanhã vamos protocolar no Ministério Público aqui em Salto para ajudar o promotor a investigar melhor o caso", explica o secretário.

Estiagem revela lixo acumulado no Rio Tietê em Salto (Foto: Reprodução/TV Tem) 
Estiagem revelou toneladas de lixo e garrafas pet
no Tietê, em Salto (Foto: Reprodução/TV TEM)
 
O município já pagou por outros prejuízos ambientais. Em julho deste ano, quase 11 toneladas de lixo foram retiradas do rio após o longo período de estiagem. Materiais como garrafas pet, embalagens e outros resíduos apareceram depois que o nível da água baixou oito metros.
De acordo com o prefeito, Juvenil Cirelli, os problemas vêm de São Paulo e de outras cidades do Alto Tietê. Para ele, não é justo que o município pague por todos os problemas. "A partir da mesma documentação que nós estamos montando para fazer esse trabalho [de investigação] a nível de Salto, nós vamos levar para outras instâncias superiores: a Secretaria de Recursos Hídricos, o Governo do Estado, enfim, onde for possível", diz Cirelli.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público, que deu um prazo de 30 dias para a Cetesb apresentar um relatório sobre o suposto fenômeno que deixou o rio preto.

Peixes mortos foram retirados do Tietê e de afluentes (Foto: Reprodução/TV Tem)Peixes mortos foram retirados do Tietê e de afluentes (Foto: Reprodução/TV TEM)
 
Internauta registra "água preta" no trecho do rio Tietê em Salto (Foto: Helena Lucila/Tem Você)Água preta tomou o rio Tietê em Salto (Foto: Helena Lucila/TEM Você)
 
Rio Tietê em outro dia com a água limpa (Foto: Rafaela Paes/ Arquivo Pessoal) 
Rio Tietê em outro dia com a água limpa (Foto: Rafaela Paes/ Arquivo Pessoal)

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