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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Governo do Estado encerra programa Viva Luz e provoca reação da oposição na Assembleia

Benefício, criado em 2009 no governo Roseana Sarney, alcançava 30 mil famílias com a quitação da conta de energia; atual governo diz que dinheiro será reinvestido
Governo do Estado encerra programa Viva Luz e provoca reação da oposição na Assembleia
Aliete Maciel, vítima do fim do Viva Luz
A oposição na Assembleia Legislativa fez duras críticas, ontem, à decisão do Governo do Estado de encerrar a vigência do Programa Viva Luz, que atendia aproximadamente 30 mil famílias maranhenses com o subsídio de 100% da conta de energia elétrica.
O benefício foi cancelado no dia 7 de abril, quando foi publicado no Diário Oficial do Estado decreto governamental do dia 6 do mesmo mês revogando decreto anterior que havia prorrogado sua vigência até o fim de 2015.
Mas o caso só ganhou notoriedade após denúncia do deputado estadual Edilázio Júnior (PV), para quem a decisão do governador Flávio Dino (PCdoB) demonstra a “falta de sensibilidade”.
“Um dos primeiros atos do governador foi extinguir o programa e, numa canetada só, deixar desassistidas mais de 150 mil pessoas. São agora mais de 150 mil maranhenses, dentro dessas 30 mil famílias, que vão ter de pagar as suas contas de luz, que até então eram quitadas pelo Governo”, afirmou.
Deputado Edilázio Júnior
De acordo com o parlamentar, não há justificativa para a decisão. “O programa custava muito pouco para o Governo, cerca de R$ 30 a R$ 40 por família assistida. Esse dinheiro, tenho absoluta certeza, irrisório para o Governo, fará falta para o assalariado, para que aquele que vive de um salário mínimo do programa Bolsa Família”, disse.
A deputada estadual Andrea Murad também condenou o que considerou um “corte” no orçamento das famílias mais carentes e a falta de informações à sociedade sobre a medida.
“Um benefício para a população, aquilo que o povo precisa, ele [governador Flávio Dino] simplesmente corta, não dá satisfações, não comunica a Cemar e fica tudo por isso mesmo. Ele acha que não está fazendo nada demais, mas está. Todas as medidas do governador Flávio Dino estão contra o povo maranhense e ele não está se dando conta disso”, reforçou.
Flávio Dino sequer comunicou a Cemar que iria findar esse programa social. A Cemar não sabia do decreto”Edilázio Júnior, deputado estadual
A peemedebista acrescentou que, para famílias de baixa renda, o valor das contas de energia, mesmo normalmente inferior a R$ 50, é muito alto.
“Talvez para a gente, se fosse para a gente esse valor não interessasse muito: R$ 30,00 ou R$ 40,00. Mas para a população que precisa, isso importa demais”, completou.
Surpresa – A revelação do encerramento do Programa Viva Luz pegou de surpresa pelo menos 30 mil famílias de baixa renda do Maranhão. A confirmação foi feita ontem pela própria Companhia Energética do Maranhão (Cemar), em nota oficial emitida pela manhã.
No comunicado, a Cemar destacou que a suspensão foi de exclusiva responsabilidade do Governo do Estado.
“É importante destacar que, a definição da continuidade ou encerramento do Programa Viva Luz é estabelecida pelo Governo do Estado do Maranhão, por meio de Decreto e, a Cemar atende e respeita as determinações vindas do Poder Executivo”, diz a nota oficial.
A Companhia ressaltou, ainda, que “o Viva Luz foi um programa que visava a quitação dos valores relativos ao consumo de energia elétrica, tributos e da Contribuição de Iluminação Pública (CIP) para unidades consumidoras enquadradas nos critérios do Programa (unidades residenciais monofásicas, com NIS - Número de Inscrição Social válido cadastrado, média móvel dos últimos 12 meses de até 50kWh e consumo máximo de 190kWh/mês).
NÚMEROS
50 kWh/mês é a média de consumo dos ex-beneficiários do programa
30 mil famílias aproximadamente eram beneficiadas
150 mil pessoas eram alcançadas pelo programa
Consumidores não foram informados sobre corte do benefício
João Evangelista
Apesar de o decreto do governador Flávio Dino (PCdoB) cortando o benefício do Viva Luz haver sido assinado no início do mês de abril, até a denúncia do deputado Edilázio Júnior (PV) nenhuma das famílias cadastradas havia sido informada sobre o fim do programa.
Algumas delas já receberam em casa contas da Cemar sem o carimbo “Conta Paga” que existia quando da vigência do programa e com os valores a serem quitados a partir de agora. Em entrevista ''''TV Mirante, na manhã de ontem, alguns deles reclamaram da falta de informações.
“Eu não fui avisado de nada. E acho que era justo eu ser informado, até para eu pudesse me programar”, disse Antônio Souza, desempregado, morador do bairro do São Francisco. Ele afirma que não pagava nada e, agora, terá que desembolsar uma conta de energia no valor de R$ 28,00. Ele ainda guarda como recordação as contas de energia elétrica com o selo do programa social.
A aposentada Aliete Maciel, também moradora do bairro do São Francisco, disse que tem um marido doente e não pagar a conta através do Programa Viva Luz ajudava muito no orçamento familiar: “Claro que pesa no orçamento. Simplesmente, sou assalariada e com ele [o marido doente] fica muito mais complicado”, ressaltou.
Para o promotor de Justiça de Defesa do Direito do Consumidor, Carlos Augusto Oliveira, apesar de ter sido um Decreto do Governo do Estado, a falta de informação sobre o fim do programa Viva Luz pode prejudicar os consumidores.
“Não há nenhuma dúvida que a falta de informação de que o programa acabou para estas pessoas, que eram beneficiadas, pode causar um dano e é essa preocupação da promotoria”, frisou.
O Governo do Estado não se posicionou oficialmente sobre o caso. Por meio das redes sociais, o secretário de Estado de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry (PCdoB), tentou amenizar a crise dizendo que os beneficiários do extinto Programa Viva Luz permanecerão contemplados com o pagamento da conta de energia elétrica mais barata, por meio de programa do Governo Federal.
“Os beneficiários terão acesso à Tarifa Social de Energia Elétrica do Governo Federal, que arca com 65% do valor da conta de energia. Agora em 2015, com busca ativa, já foram reinseridas/inseridas quase 70 mil no Programa Tarifa Social”, escreveu.
Mais
Por meio de Nota, o governo informou que os recursos R$ 25 milhões antes destinados ao Programa "Viva Luz" serão remanejados do Fundo Maranhense de Combate à Pobreza (Fumacop) para a manutenção do programa "Mais Bolsa Família Escola", que atenderá às famílias de mais de 1.2 milhão estudantes maranhenses para a compra de material escolar.

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