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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Postes na Faria Lima dão choque e energia é capaz de acender lâmpada

Oito postes em quarteirão estão energizados, segundo a medição do G1.
Tensão elétrica chegou a 110 volts e oferece riscos a pedestres.

Ana Leonardi* Do G1 São Paulo
 
O pedestre que caminha no quarteirão da Avenida Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo, entre as ruas Professor Artur Ramos e Tucumã pode estar sujeito a um choque elétrico de até 110 volts, equivalente a uma tomada doméstica. O G1 realizou a medição dos oito postes situados neste trecho e todos apresentam tensão elétrica em intensidades variadas.
Os postes de iluminação de LED, instalados em dezembro de 2012 como parte do plano de renovação de iluminação da Prefeitura, em condições normais, não deveriam ter tensão elétrica na sua carcaça, que precisa ser eletricamente aterrada.
O leitor Claudemar Nascimento Leandro foi quem denunciou o problema ao VC no G1. Ele trabalha com manutenção de radares e estava na Faria Lima na última quarta-feira (29) quando percebeu a tensão dos postes. “Ao lado do radar em que eu estava trabalhando, tinha um poste de iluminação. Quando meu colega encostou nos dois postes, ele levou um choque”.

Foram utilizados na medição um multímetro calibrado e duas cargas: uma lâmpada incandescente com potência de 60 Watts e uma lâmpada de LED de 15 Watts. As lâmpadas acenderam ao entrar em contato com todos os oito postes, apenas com a energia na carcaça. A tensão encontrada nos postes variou entre 38 e 110 volts.

A medição foi acompanhada por Leandro e por Marcelo Oliveira de Jesus, físico do Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE-USP). Segundo Jesus, a energia dos postes seria suficiente para ligar um rádio e até mesmo carregar um celular.

“Constatamos que todos os postes estão com uma fase na sua carcaça”, disse Leandro. “Mostramos isso acendendo as lâmpadas. Um fio da lâmpada encosta no poste e o outro em qualquer metal aterrado, ou seja, sem energia, que serve como referencial zero”, explicou.
O Departamento de Iluminação Pública (Ilume) informou que enviou uma equipe para o local nesta segunda-feira (3) para verificar o que está ocorrendo e providenciar os reparos. O Ilume acrescentou que todos os postes foram aferidos na ocasião de entrega da obra e que passam por manutenção periódica.

Claudemar Leandro descobriu postes de luz energizados na Avenida Faria Lima, em São Paulo (Foto: Ana Leonardi/G1)
Choque elétrico
Os postes energizados podem representar risco de choque elétrico para pedestres em ao menos duas situações: se a pessoa estiver descalça e tocar o poste energizado ou, mesmo que esteja calçada, tocar o poste energizado e outro metal que esteja aterrado.
O pesquisador Helio Sueta, do IEE-USP, explica os dois casos. "Quando uma pessoa encosta no poste, ela pode servir como condutora da corrente elétrica da carcaça a outro ponto com tensão diferente", disse. “Caso ela esteja com sapatos, o solado emborrachado pode servir de isolamento. Mas se, mesmo calçada, a pessoa encostar no poste e, ao mesmo tempo, em um objeto de metal aterrado, a corrente elétrica fará o percurso entre esses dois pontos e, novamente, a pessoa receberá um choque elétrico”.
110 volts já é uma tensão preocupante. Pode acontecer sim de alguém receber uma descarga elétrica séria"
Helio Sueta, pesquisador da USP
Na Avenida Faria Lima, esse segundo cenário é especialmente preocupante, uma vez que alguns dos postes de LED, inclusive aquele em que foi encontrada a tensão mais alta, ficam muito próximos a outros postes de semáforos ou radares. Como esses outros postes não estão energizados, o pedestre que esbarrar nas duas estruturas recebe uma descarga elétrica.
Segundo Sueta, os postes energizados podem representar riscos para os pedestres. “110 volts já é uma tensão preocupante. Pode acontecer sim de alguém receber uma descarga elétrica séria”, afirmou. “Vai depender muito do estado de saúde da pessoa e do valor e duração da corrente elétrica. Se ela passar pelo coração, pode causar fibrilação ventricular e até levar a uma parada cardíaca”.

Ele acrescentou que a chuva pode aumentar o perigo. “Para se calcular a eventual passagem de corrente pelo corpo é necessário verificar o circuito elétrico como um todo. Nesse circuito temos algumas resistências: a do corpo humano, a de contato (da mão da pessoa com o local energizado, por exemplo). Essas resistências de contato diminuem se estiverem molhadas ou podem aumentar se a pessoa estiver com uma luva ou com um calçado especial.”

Multímetro marcou 110 volts em poste de luz na Faria Lima, tensão elétrica de uma tomada doméstica. (Foto: Ana Leonardi/G1)Multímetro marcou 110 volts em poste de luz na Faria Lima, tensão elétrica de uma tomada doméstica. (Foto: Ana Leonardi/G1)
 
Fio de lâmpada solta faíscas ao entrar em contato com poste energizado. (Foto: Ana Leonardi/G1) 
Fio de lâmpada solta faíscas ao entrar em contato com poste energizado. (Foto: Ana Leonardi/G1)
 

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