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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Detidos após protesto de alunos na Nove de Julho são liberados

Casal e menores reclamaram de truculência policial: 'Me jogaram no chão'.
Cerca de 250 estudantes fizeram ato contra reorganização da rede.

Do G1 São Paulo

A polícia liberou, na madrugada desta quarta-feira (2), os quatro detidos após manifestação de estudantes na Avenida Nove de Julho, próximo ao Viaduto Júlio de Mesquita Filho, no Centro de São Paulo. Na noite de terça, os alunos protestaram contra a reorganização da rede de ensino estadual e usaram cadeiras para bloquear os dois sentidos da via por mais de duas horas e meia. O ato terminou em confusão.

Às 21h, os policiais negociaram com os estudantes na tentativa de liberar a avenida. Não houve acordo e os PMs marcharam em direção aos cerca de 250 estudantes batendo com os cassetetes nos escudos.
Os policiais dispararam bombas de efeito moral contra o grupo de alunos. Houve correria. Sacos de lixo e outros objetos foram espalhados pelo asfalto. A confusão prejudicou o trânsito de ônibus, que ficaram parados no corredor da avenida em meio ao tumulto. Um dos veículos teve o vidro quebrado.
    PM usa bomba em protesto de estudantes na Av. 9 de Julho em SP (Foto: Douglas Pingituro/Brasil Photo Press/Estadão Conteúdo)
PM usa bomba em protesto de estudantes na Av. 9 de Julho em SP (Foto: Douglas Pingituro/Brasil Photo Press/Estadão Conteúdo)
Um casal maior de idade e dois adolescentes de 15 e 17 anos foram levados para uma delegacia da região. Eles prestaram depoimento e, por volta das 3h desta quarta, foram liberados.
O casal disse que não participava do ato. Moradores da Nove de Julho, eles filmavam o protesto quando foram abordados pelos policiais. "Me jogaram no chão, começaram a me rasgar e me levaram para o camburão", disse a roteirista Tatiana Tavares. "Eu entendo que eles tenham que fazer o trabalho deles, mas eu acho que não é dessa forma truculenta, jogando a gente no camburão.”
Os dois menores saíram da delegacia acompanhados pelos pais. Eles disseram que foram abordados por policiais militares enquanto protestavam. “Eles bateram com o cassetete no meu braço, aí eu caí no chão e eles me arrastaram. Na hora que eu levantei para poder levarem para o camburão, colocaram o cassetete no meu pescoço e começaram a enforcar e levar”, disse um dos adolescentes.
Sobre a conduta dos policiais no fim do protesto, a Secretaria da Segurança Pública disse que a PM só agiu para evitar danos ao patrimônio público.

Veja nos vídeos abaixo como foi a ação da PM para desbloquear a avenida:
Manifestantes são detidos pela Polícia Militar depois de ato na Avenida Nove de Julho na noite desta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)

Manifestantes são detidos pela Polícia Militar depois de ato na Avenida Nove de Julho na noite desta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)
Alunos da rede estadual fizeram pelo menos três manifestações, bloqueando vias de São Paulo, durante esta terça. Eles são contra a reorganização da rede de ensino anunciada pelo governo do estado, que prevê ciclo único nas escolas. A reestruturação deve fechar 93 unidades de ensino. Desde o início de novembro, estudantes ocupam escolas estaduais contra o projeto.
PMs negociam com os estudantes a liberação da Avenida Nove de Julho (Foto: Reprodução/TV Globo)

PMs negociam com os estudantes a liberação da Avenida Nove de Julho (Foto: Reprodução/TV Globo)
Estudantes fazem manifestação na Avenida 9 de Julho, na noite desta terça-feira (1) (Foto: Reprodução: TV Globo)

Estudantes fazem manifestação na Avenida 9 de Julho, no Centro de SP (Foto: Reprodução: TV Globo)
Bloqueio na Avenida Nove de Julho na noite desta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)

Bloqueio na Avenida Nove de Julho na noite desta terça-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)
Estudantes bloqueiam nesta terça-feira (01) a Avenida Nove de Julho durante protesto contra o plano de reorganização das escolas estaduais do governo paulista. (Foto: Alan Morici/Framephoto/Estadão Conteúdo)

Estudantes bloqueiam Avenida Nove de Julho durante protesto (Foto: Alan Morici/Framephoto/Estadão Conteúdo)
Intervenção policial na Marginal
Um outro protesto de estudantes fechou a pista local da Marginal Tietê, na altura da Ponte do Piqueri, na manhã desta terça-feira (1º) em São Paulo. A manifestação foi feita por alunos da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, na Zona Norte da capital, ocupada contra a reorganização de ensino proposta pelo governo paulista.
Estudantes da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, ocupada contra a reorganização educacional do Governo, fecham a Marginal Tietê, próximo a Ponte do Piqueri, na manhã desta terça-feira (1). (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Alunos fecham a Marginal Tietê, próximo a Ponte do
Piqueri, na manhã desta terça-feira (1) (Foto: André
Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O colégio vai fechar e vai ser disponibilizado para uso Centro Paula Souza ou fins educacionais da Prefeitura. Os manifestantes caminharam até a Marginal Tietê, carregando cadeiras usadas nas salas de aula e que foram usadas para fechar as pistas no sentido Ayrton Senna.
A Polícia Militar acompanhava a passeata e interveio quando houve o bloqueio sob a ponte, retirando os estudantes. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que a corporação tentava "evitar o confronto entre motoristas que avançaram contra os manifestantes que bloqueavam a via".
Segundo a pasta, a PM usou uma bomba de efeito moral para dispersar a confusão. "Houve a necessidade de uso de força moderada para remover um adolescente que se recusava a deixar o local, mas que estava sendo ameaçado de agressão".
Bloqueio
A manifestação começou às 9h20 com ocupação de duas da direita da pista local da Marginal Tietê e terminou por volta das 11h10, com a liberação total da via. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a maior lentidão durante o protesto foi registrada no sentido Ayrton Senna, com 12,4 km de congestionamento nas pistas local, expressa e central.
Um outro grupo de alunos fez um protesto na manhã desta terça-feira na Avenida João Dias, na Zona Sul de São Paulo. Eles usam faixas e instrumento musical para protestar contra a reorganização escolar da rede de ensino paulista. Os manifestantes usavam mesas e cadeiras que representavam uma sala de aula durante o protesto.
Estudantes da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, ocupada contra a reorganização educacional do Governo, fecham a Marginal Tietê, próximo a Ponte do Piqueri, sentido Castelo Branco, na manhã desta terça-feira (1) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Estudantes da Escola Estadual Professor Silvio Xavier Antunes, ocupada contra a reorganização educacional do Governo, fecham a Marginal Tietê, próximo a Ponte do Piqueri, sentido Castelo Branco, na manhã desta terça-feira (1) (Foto: André Lucas Almeida/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Ocupações em escolas
Cerca de 190 escolas estavam ocupadas por alunos e manifestantes contrários à reestruturação do ensino estadual de São Paulo. O balanço foi divulgado nesta terça-feira pela Secretaria de Estado da Educação. O número é inferior ao apurado pelo Sindicato dos Professores (Apeoesp), que contabiliza 208 unidades paradas.

Nesta terça, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), publicou um decreto que autoriza a transferência de funcionários da Secretaria da Educação de uma escola para outra dentro do programa de reestruturação da rede estadual de ensino. A reorganização é motivo de protestos desde o dia 9 de novembro.
De acordo com o decreto, publicado no Diário Oficial do estado, a transferência vale para "casos em que as escolas da rede estadual deixarem de atender um ou mais segmentos, ou, quando passarem a atender novos segmentos".
Isso porque a reorganização da rede tem como um dos objetivos organizar as escolas por ciclos, segundo o governo de São Paulo, tentando concentrar alunos de uma mesma faixa etária nas escolas.
O decreto do governador Geraldo Alckmin não especifica o número de professores e funcionários de apoio que deverão ser transferidos. A Secretaria da Educação divulgou no início de novembro que 94 escolas seriam fechadas no processo de reestruturação.
Reunião
Em reunião com dirigentes de ensino, o chefe de gabinete da Secretaria da Educação Fernando Padula Novaes, braço direito do secretário Herman Voorwald, afirmou que é preciso adotar “tática de guerrilha” para acabar com o movimento. O encontro foi realizado neste domingo (29) na sede da pasta na Praça da República, no Centro da capital paulista.
O site Jornalistas Livres acompanhou o encontro e divulgou o áudio da reunião, onde a gestão prepara estratégias para desmoralizar as ocupações. Na gravação, o chefe de gabinete repete inúmeras vezes que todos ali estão “em uma guerra”. “A gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]”, afirmou.
Também no áudio, Padula fala sobre estratégias para isolar as escolas com ocupações com maior resistência. “Nessas questões de manipular tem uma estratégia, tem método. O que vocês precisam fazer é informar, fazer a guerra de informação, porque isso que desmobiliza o pessoal”, declarou.

Segundo ele, a ideia é ir realizando transferências e deixar “no limite” a escola invadida. O chefe de gabinete ressaltou que o máximo é que ocorrerá naquela escola é que “não começará as aulas como as demais”. O decreto que regulamenta a reorganização vai na contramão da proposta de diáologo com os manifestantes do governador Geraldo Alckmin.
A Secretaria de Estado da Educação anunciou no dia 23 de setembro uma nova organização da rede estadual de ensino paulista. O objetivo é separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental 1, ensino fundamental 2 ou ensino médio) a partir do ano que vem.
A proposta gerou protestos de estudantes e pais porque prevê o fechamento de 93 escolas, que serão disponibilizadas para outras funções na área de educação. Além disso, pais reclamam da transferência dos filhos para outras unidades de ensino.
O chefe de gabinete também afirmou que a polícia está fazendo fotos de quem está nas ocupações e registrado as placas dos veículos estacionados nas redondezas das escolas ocupadas para identificar se há carros da Apeoesp, representantes de partidos e movimentos sociais. Após identificar os proprietários, a Secretaria de Educação pretende entrar com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp.

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