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segunda-feira, 14 de março de 2016

Acumulador dono de seis imóveis morre e família limpa casas

Durante décadas, Dico guardou quinquilharias, sobretudo, peças de ferro e ferramentas, que preenchiam todos os compartimentos dos imóveis


casa de Dico, na Liberdade, desapareceu em meio a tanta quinquilharia
casa de Dico, na Liberdade, desapareceu em meio a tanta quinquilharia (Foto: Flora Dolores)
Durante décadas Raimundo Francisco de Sousa Santos, o Dico, como seus familiares e vizinhos da Rua Tomé de Souza, na Liberdade, o chamavam, acumulou todo tipo de quinquilharia na sua casa. Foi tanto lixo recolhido e guardado em casa por ele que não era mais possível enxergar nem mesmo o telhado da residência. Mas neste fim de semana a casa começou a ser limpa. Após a morte de Dico, sua família resolveu fazer o que vinha tentando há décadas, limpar toda a casa.
Raimundo Francisco de Sousa Santos era o mais velho de seis irmãos. Ele faleceu no dia 29 de fevereiro deste ano após diversas complicações em sua saúde. Em vida, Raimundo Francisco de Sousa Santos se dedicou a acumular coisas, todo tipo de coisa. “Desde criança ele gostava de guardar bagulho. Tudo que ele achava ele queria guardar”, contou José Maria de Sousa Santos, um dos irmãos de Dico.
Segundo José Maria de Sousa Santos, o irmão começou a acumular lixo de vez ainda nos anos 1962. “Foi em 1962 ou 1965, por aí, que ele começou a catar e guardar lixo em casa”, afirmou. Raimundo Francisco de Sousa Santos começou a guardar o que recolhia na casa que era de seu pai, Francisco Amorim dos Santos, a mesma da Rua Tomé de Souza, na Liberdade, onde ele mantinha uma oficina mecânica. Ao longo das décadas, na residência de cinco cômodos funcionou também uma ferraria, mas, sobretudo nos últimos 20 anos a casa era apenas um grande depósito de quinquilharias.
Os principais itens acumulados por Raimundo Francisco de Sousa Santos eram peças de ferro e ferramentas as mais diversas. Entre os objetos encontrados na casa máquina de costura, peças de fogão e geladeira, mas também uma quantidade enorme de garrafas pet e outros objetos de metal, muitos pedaços de madeira, sacos plásticos, latinhas, ferro de engomar e tantos outros. Tantos que os cinco cômodos da casa estavam completamente cheios com as quinquilharias amealhadas ao longo de décadas e décadas.
Se tem algum item raro ou valioso entre o lixo acumulado por Raimundo Francisco de Sousa Santos a família não sabe, mas resolveu vender tudo que for possível. As peças de metal foram vendidas para uma sucata que começou a limpar a casa no sábado, dia 12. “A gente vai levar pelo menos uma semana para retirar tudo que está na casa, separar as peças de metal e poder fazer a pesagem. Não temos ideia do quanto tem na casa do senhor”, informou Alexandre Galeno, um dos funcionários da sucata. O quilo do ferro custa R$ 0,23 centavos.
Catador
De acordo com vizinhos, Raimundo Francisco de Sousa Santos passava o dia perambulando pelas ruas catando o que encontrava e levando para casa. “Eu moro em frente a essa casa há 30 anos. Seu Dico trazia tudo que achava na rua para cá. Qualquer coisa que ele encontrasse, ele guardava”, disse Luciana Mendonça.
Raimundo Francisco de Sousa Santos era visto diariamente andando pelas ruas da Liberdade com seu carrinho onde colocava seus achados e levava para casa. Uma vez, após denúncias de vizinhos, uma equipe da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) foi até a residência e tentou remover todo o lixo acumulado. “Mas ele chorou, passou mal, e eles foram embora com medo dele adoecer. A gente mesmo nunca tentou mexer em nada por que ele não gostava”, disse Luciana Mendonça.
Só que a casa da Rua Tomé de Souza não era a única em que Raimundo Francisco de Sousa Santos guardava seus achados. Ele tinha cinco imóveis no bairro que serviam de depósito. Um deles fica na Travessa Santa Isabel, que também está trancado e brevemente será devassado pela família, funcionários da sucata e curiosos. “A gente vai limpar todas as casas, mas é aos poucos, uma a uma, para ver o que a gente acha e faz com o lixo”, comentou José Maria de Sousa Santos.

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