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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Veja como votaram todos os 78 senadores presentes

Repetição do placar do senado na sessão encerrada hoje, em um julgamento futuro dela por crime de responsabilidade, levaria a petista a ser condenada
BRASÍLIA - Vinte horas e 34 minutos após aberta a sessão, o Senado aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a instauração do processo de impeachment contra a petista por crime de responsabilidade. Dilma recebeu 55 votos pela retirada temporária dela e 22 contra. A repetição desse placar, em um julgamento futuro dela por crime de responsabilidade, levaria a petista a ser condenada.

Com a decisão, na manhã desta quinta-feira (12), Dilma será afastada do cargo por até 180 dias, período em que deverá ser julgada pelo Senado e o vice-presidente Michel Temer assumirá a Presidência interina do país. Após o resultado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou que a presidente será notificada ainda nesta manhã da decisão do Senado. Caberá ao primeiro-secretário da Casa, senador Vicentinho Alves (PR-TO), fazer essa comunicação pessoalmente.

O presidente do Senado estima que o julgamento da presidente deverá ocorrer até setembro. Ela será afastada definitivamente do cargo se houver pelo menos 54 votos para condená-la. Aliados de Temer gostariam de ter um placar acima desse número a fim de passar a impressão de que Dilma não terá condições, já agora, de retornar futuramente ao cargo.

Aceleração

Apesar da articulação, Renan não conseguiu acelerar a votação do afastamento de Dilma, que ele gostaria de concluir até as 22 horas de ontem. As manifestações de 71 senadores foram até próximo das 6h. Em seguida, falaram o relator do pedido, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e em seguida o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, cada um por 15 minutos. A votação foi rápida, sendo realizada por meio de painel eletrônico.

Na tarde de ontem, com duas horas de sessão do Senado, o governo sofrera um importante revés com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ter rejeitado anular o processo de impeachment de Dilma. O recurso era considerado a última cartada do Palácio do Planalto para evitar o afastamento da petista pelo Senado, tido como certo até mesmo por senadores governistas.

O principal argumento da ação é que houve "desvio de poder" do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao receber a denúncia do impeachment de Dilma em dezembro por "revanchismo" e "vingança". Oposicionistas comemoraram a decisão "É o cala-boca definitivo", afirmou o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO). A aposta de aliados de Dilma, segundo o ainda líder do governo na Casa, Humberto Costa (PT-PE), é anular o pedido no mérito.

Conjunto da obra - Durante os pronunciamentos, senadores favoráveis à abertura do processo contra Dilma se valeram mais do chamado "conjunto da obra" do que do embasamento jurídico do pedido para afastá-la, isto é, o atraso do Tesouro em pagar débitos com órgãos públicos, as chamadas "pedaladas fiscais", e a edição de créditos orçamentários sem aval do Congresso. Houve quem evocasse a corrupção revelada pela Operação Lava Jato, o abuso no uso de recursos do BNDES, o enfraquecimento político do governo, a arrogância de Dilma, o retrocesso na economia e a pressão das ruas.

O senador Zezé Perrella (PTB-MG), por exemplo, acusou a presidente de "esculhambar" com o setor elétrico e aumentar o preço do combustível. Para ele, o motivo real do impeachment é que "esse pessoal aparelhou o país para roubar".

Investigado pela Lava Jato, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), evocou o clamor popular pela "ética" para justificar seu voto. "Foi o povo que fez isso. Foram os brasileiros, em primeiro lugar, que foram às ruas de todas as partes do Brasil, sem exceção, para dizer um basta definitivo a tanto desprezo à verdade, à ética e à correção na gestão da coisa pública", disse ele, que elogiou o parecer do aliado Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável ao afastamento.

Ex-ministros dos governos petistas também defenderam a abertura do processo contra a petista. Aliados do passado fizeram discursos vacinados contra questionamentos de incoerência ideológica. Um deles foi Cristovam Buarque (PPS-DF), demitido por Lula em 2004. "Por incrível que pareça, voto pela admissibilidade. Não fui eu que mudei, foi a esquerda que envelheceu. A esquerda que está há 13 anos no Poder demonstra desapego à democracia", justificou.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse ter cumprido uma "missão partidária" que não buscou como titular da Previdência no primeiro mandato de Dilma. Para ele, praticou-se a desordem das contas públicas para reeleger a presidente em 2014 e garantir o "aparente" apoio no Congresso.

No discurso mais inflamado de um petista, o senador Lindbergh Farias (RJ) disse que os senadores sabem que não há crime de responsabilidade cometido por Dilma e anunciou, em tom de derrota, que não reconhecerá um governo Temer. "Não tenho a menor dúvida que isso vai passar para a história como um golpe parlamentar para a democracia brasileira", disse o senador, ao defender que os colegas não "manchem" suas biografias em razão de "humores momentâneos".

Único peemedebista a favor da manutenção da presidente até o momento, o senador Roberto Requião (PR), disse que se está fazendo uma "monumental asneira" do impeachment da presidente. E criticou o vice. "Meu amigo Michel Temer assume suportado por série de ideias da 'Ponte para o Futuro' e reveladas em entrevistas por auxiliares que são as da utopia neoliberal com corte de gastos, a mesma proposta que fracassou em outros países", afirmou.

O senador Armando Monteiro (PTB-PE), que deixou o Ministério do Desenvolvimento para votar a favor de Dilma, disse que o Congresso não teve a mesma preocupação com o governo com as questões fiscais e citou, inclusive, a "pauta bomba" que tramitou no Legislativo. "É de se constatar que hoje, ao percebermos seriíssima preocupação do Congresso com a questão fiscal ao julgar a presidente, essa não era a postura anterior."

Veja como votaram todos os senadores:
Acir Gurgacz (PDT-RO) - SIM
Aécio Neves (PSDB-MG) - SIM
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) - SIM
Alvaro Dias (PV-PR) - SIM
Ana Amélia (PP-RS) - NÃO
Ângela Portela (PT-RR) - SIM
Antonio Anastasia (PSDB-MG) - SIM
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) - NÃO
Armando Monteiro (PTB-PE) - SIM
Ataídes Oliveira (PSDB-TO) – SIM
Benedito de Lira (PP-AL) - SIM
Blairo Maggi (PR-MT) - SIM
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) - SIM
Ciro Nogueira (PP-PI) - SIM
Cristovam Buarque (PPS-DF) - SIM
Dalirio Beber (PSDB-SC) - SIM
Dário Berger (PMDB-SC) – SIM
Davi Alcolumbre (DEM-AP) - NÃO
Donizeti Nogueira (PT-TO) - SIM
Edison Lobão (PMDB-MA) - SIM
Eduardo Amorim (PSC-SE) - AUS.
Eduardo Braga (PMDB-AM) - SIM
Elmano Férrer (PTB-PI) - SIM
Eunício Oliveira (PMDB-CE) - NÃO
Fátima Bezerra (PT-RN) - SIM
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - SIM
Fernando Collor (PTC-AL) - SIM
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - SIM
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC) - SIM
Gleisi Hoffmann (PT-PR) - NÃO
Hélio José (PMDB-DF) - SIM
Humberto Costa (PT-PE) - NÃO
Ivo Cassol (PP-RO) - SIM
Jader Barbalho (PMDB-PA) - AUS.
João Alberto Souza (PMDB-MA) - SIM
João Capiberibe (PSB-AP) - NÃO
Jorge Viana (PT-AC) - NÃO
José Agripino (DEM-RN) - SIM
José Maranhão (PMDB-PB) - SIM
José Medeiros (PSD-MT) - SIM
José Pimentel (PT-CE) - NÃO
José Serra (PSDB-SP) - SIM
Lasier Martins (PDT-RS) - SIM
Lídice da Mata (PSB-BA) - NÃO
Lindbergh Farias (PT-RJ) - NÃO
Lúcia Vânia (PSB-GO) - SIM
Magno Malta (PR-ES) - SIM
Marcelo Crivella (PRB-RJ) - SIM
Maria do Carmo Alves (DEM-SE) - SIM
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM) - SIM
Otto Alencar (PSD-BA) - NÃO
Paulo Bauer (PSDB-SC) – SIM
Paulo Paim (PT-RS) – NÃO
Paulo Rocha (PT-PA) - NÃO
Raimundo Lira (PMDB-PB) - SIM
Randolfe Rodrigues (REDE-AP) - NÃO
Regina Sousa (PT-PI) - NÃO
Reguffe (S/PARTIDO-DF) - SIM
Renan Calheiros (PMDB-AL) - PRE.
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) - SIM
Roberto Requião (PMDB-PR) - NÃO
Roberto Rocha (PSB-MA) - SIM
Romário (PSB-RJ) - SIM
Romero Jucá (PMDB-RR) - SIM
Ronaldo Caiado (DEM-GO) - SIM
Rose de Freitas (PMDB-ES) - SIM
Sérgio Petecão (PSD-AC) - SIM
Simone Tebet (PMDB-MS) - SIM
Tasso Jereissati (PSDB-CE) - SIM
Telmário Mota (PDT-RR) - NÃO
Valdir Raupp (PMDB-RO) - SIM
Vanessa Grazziotin (PCDOB-AM) - NÃO
Vicentinho Alves (PR-TO) - SIM
Waldemir Moka (PMDB-MS) - SIM
Walter Pinheiro (S/PARTIDO-BA) NÃO
Wellington Fagundes (PR-MT) - SIM
Wilder Morais (PP-GO) - SIM
Zeze Perrella (PTB-MG) – SIM

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