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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Família assaltada em ambulância vive drama no Socorrão II, em SL

Irmãs, de Santa Inês, trouxeram o pai de 94 anos, com a bacia quebrada, para a capital; agora, ele está em coma, depois de permanecer vários dias no corredor do hospital, sem o atendimento necessário

SÃO LUÍS - Em 11 de julho, as irmãs Maria Gomes e Expedita de Fátima passaram por momentos de terror quando a ambulância em que estavam, a caminho de São Luís - vindas de Santa Inês -, foi assaltada. No veículo, elas acompanhavam o pai, Enoque Gomes, de 94 anos, que quebrou a bacia e seria atendido na capital. O caso ganhou repercussão nacional, e quando elas pensavam que depois de tudo isso iriam conseguir medicar o pai e levá-lo para casa, o drama ganhou contornos ainda maiores: ele foi parar em um corredor do Hospital Dr. Clementino Moura, o Socorrão II.

Maria Gomes explicou que o pai não recebeu logo o atendimento necessário quando chegou à unidade hospitalar. No corredor, recebia diariamente apenas dois comprimidos de paracetamol, um de manhã e outro à tarde. “Chegamos e falaram que tinham de fazer um procedimento cirúrgico no meu pai, mas os médicos nunca fizeram. O que aconteceu, que eles disseram, é que o líquido do joelho ia para o pulmão, ia parar os rins, e parou tudo”, explicou Maria.
Desespero
Depois disso, a situação de Enoque só piorou. Segundo a filha, ele ficou na maca no corredor do hospital por vários dias, sem soro, e com isso ficou desidratado, passou mal e entrou em coma. Foi aí, que, vendo que o pai iria morrer, as irmãs se desesperaram e precisaram gritar e chorar, dentro do hospital, para que alguém conseguisse uma vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ontem, os rins de Enoque pararam.
Acho que a situação do atendimento médico no Maranhão está humilhante, para quem é pobre”Maria Gomes, filha de paciente do Socorrão II
“Se os médicos tivessem feito o procedimento cirúrgico correto, que era tirar o líquido do fêmur, para não chegar até o sangue, até os rins, até o pulmão, isso não teria acontecido. Ele tem 94 anos. Eu questionava a toda hora, eu questionava aos médicos, às enfermeiras, a todos”, lamentou a mulher.

As irmãs ainda contam que a revolta é maior, porque a mãe delas faleceu em um hospital de Santa Inês, mas lá os médicos eram atenciosos e falavam o tempo todo o que estava ocorrendo. Aqui, em São Luís, no Socorrão II, enquanto Enoque estava no corredor, ninguém lhes dirigia a palavra. “A gente falava com os médicos e eles nem ligavam para a gente. Nos sentíamos um lixo. Eu até disse para o médico: ‘Doutor, eu estou me sentido um lixo. Como é difícil, é humilhante a gente ser pobre!”, contou Maria.
Mais sofrimento
Para piorar a situação, na tarde de segunda-feira, dia 2, Expedita de Fátima passou mal. As duas irmãs foram até a Unidade de Pronto Atendimento do Vinhais em busca de socorro. Chegaram por lá às 17h e ficaram até as 2h. A médica que lhe atendeu disse que o problema provavelmente seria de coração e deu um encaminhamento.

Ontem de manhã, as duas retornaram à UPA, que tem um Centro de Especialidades Médicas, à procura atendimento ambulatorial e da consulta com o cardiologista, mas todas as senhas já tinham acabado e tiveram a notícia de que a consulta só poderia ser marcada a partir do dia 16 deste mês.
ENTENDA O CASO
Maria, Expedita e Enoque saíram de Santa Inês na madrugada de domingo, 10 de julho. O idoso, de 94 anos, tinha caído e quebrado a bacia. Vieram para São Luís porque, segundo as mulheres, até existe um hospital novinho na cidade, mas ele ainda está fechado, esperando por inauguração.
Fizeram a viagem em uma ambulância do município, que estaria com os amortecedores todos estourados. Além disso, a maca em que o doente ia não estava presa à estrutura do veículo. Isso forçava as duas mulheres a segurar o tempo todo a cama.
Já perto de São Luís, o veículo foi parado por uma armadilha de pregos colocada na estrada por um grupo de assaltantes. Nessa hora, a ambulância quase capotou e Maria teve que se deitar em cima do pai para evitar que ele sacasse. O resultado é que ela também acabou se machucando.
Passado o susto inicial, veio mais terror. Os criminosos abordaram o grupo com violência. Chegaram até mesmo a ameaçar Enoque com o facão, dizendo para as mulheres que, ou elas passavam o celular ou matavam o doente. No fim da ação, levaram o celular, documentos e R$ 300,00 das vítimas. O dinheiro era todo o montante que elas tinham trazido a São Luís para ajudar nas despesas.

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