Contador de visitas

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Irmã de mulher que entregou criança a coronel é levada para presídio no Rio

Para polícia, irmã de Thuane é cúmplice do crime de estupro de vulnerável.
Izabela Pimenta deixou a delegacia sob críticas de pedestres.

Henrique CoelhoDo G1 Rio

Izabela Pimenta deixou a Dcav sob críticas de pedestres (Foto: Henrique Coelho/ G1)

Izabela Pimenta deixou a Dcav sob críticas de pedestres (Foto: Henrique Coelho/ G1)
A irmã de Thuane Pimenta - mulher suspeita de entregar uma criança de 2 anos ao coronel reformado da PM Pedro Chavarry - foi encaminhada nesta segunda-feira (19) para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Izabela Pimenta deixou a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) e iria passar pelo Instituto Médico Legal antes de ir para o presídio.

Ao deixar a delegacia, a suspeita foi hostilizada por alguns pedestres que estavam no local. "Acobertou muito ele, né?", disse um dos críticos. "Vai apanhar muito em Bangu", completou. A delegada Cristiana Bento fazia uma reunião ainda nesta segunda-feira com membros do Conselho Tutelar para saber o que seria feito com a filha de Izabela.

Para a polícia, a irmã de Thuane é cúmplice do crime de estupro de vulnerável. Izabela Pimenta de Souza, de 30 anos, foi detida na manhã desta segunda-feira na comunidade Uga Uga, em Ramos, na Zona Norte do Rio.

A polícia apura a participação dela no crime, "já que Izabela foi a primeira a chegar ao local onde o coronel estava com a criança. Ela teria dito aos policiais que o pai da criança estava morto, e a mãe presa, com o objetivo de ludibriar a polícia", informou a Polícia Civil, em nota.

Izabela nega envolvimento no caso. Ela esteve na delegacia na última terça-feira (14) e disse que Thuane era inocente e que ela mesma havia deixado os seus filhos por pelo menos um dia com o coronel. Contra Izabela foi expedido um mandado de prisão temporária por 30 dias.
Thuane dos Santos Pimenta, irmã de Izabela, foi presa na última segunda (12), e encaminhada para o presídio para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, no dia 14. O oficial da PM foi preso em um estacionamento de uma lanchonete fast food no último dia 10.
Antes de ser presa, Izabela foi testemunha
A prisão de Thuane dos Santos Pimenta, de 23 anos, abalou a família da faxineira. Segundo a irmã Izabela Pimenta, de 30 anos, o coronel reformado Pedro Chavarry, preso por pedofilia com uma criança de 2 anos no carro, se aproveitou da inocência dela. A acusação de pedofilia, segundo ela, pegou todos de surpresa.
Isabela Pimenta chega à delegacia na manhã desta segunda. (Foto: Divulgação / Polícia Civil)

Isabela Pimenta chega à delegacia na manhã
desta segunda. (Foto: Divulgação / Polícia Civil)
"A gente quer provar a inocência da Thuane. Conhecemos ele há 11 anos. Eu já deixei dois filhos com ele, Thuane também deixou. Como que a gente ia deixar se soubesse que ele tem essa ficha?", questionou Izabela, que trabalhou como faxineira na Caixa Beneficente da PM, órgão do qual Chavarry era presidente.
"Meu filho que hoje tem 4 anos e minha filha de 10 anos já ficaram com ele. Ele dizia que ia deixar com a babá. Elas nunca comentaram nada, mas eu tenho medo que elas possam ter sido vítima", lamentou ela.
Izabela e a irmã trabalharam nas eleições do órgão e também nas eleições para deputado federal em 2014. "Entregamos panfleto para ele, fizemos uma comitiva para ele na Praça das Nações", disse Izabela.
Mãe conta como Thuane pegou criança
A mãe da menina disse que conhecia Thuane. Após prestar depoimento na delegacia, ela contou como Thuane pegou a criança em casa.
"Ela teve a cara de pau de chegar lá na minha casa, minha filha estava brincando, minha filha estava se divertindo, e ela chegou lá e pediu a minha filha para tirar uma foto, e tenho certeza de que ela vendeu minha filha para esse homem", disse.
A família está muito abalada, segundo a mãe. "Ele é um monstro. Uma pessoa que faz isso com uma criança não é uma pessoa. A minha família tá desmoronada, sem chão", desabafou.
Pedro Chavarry Duarte está em prisão preventiva no Batalhão Prisional, em Niterói, na Região Metropolitana. O G1 não conseguiu contato com a defesa do coronel reformado.
Suspeita de rapto de criança em 2009
Segundo a Polícia, o coronel reformado da PM Pedro Chavarry pode ter sido responsável pelo rapto de uma criança em 2009, segundo uma testemunha que esteve na Dcav na última quinta-feira (15). Em depoimento, a testeminha contou que uma mulher foi levar sua filha para tomar uma vacina e nunca mais a devolveu à mãe. A criança continua desaparecida até hoje.
A mãe, então, teria ido cobrar o coronel Pedro Chavarry ao saber que a mulher em questão era amiga do oficial da PM. A mulher, no entanto, não obteve resposta.
Juiz explica
O Juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, explicou em entrevista ao Bom Dia Rio desta quarta-feira (14) o que acontece em alguns casos de pedofilia. Segundo ele, é muito difícil identificar esse crime pois, normalmente, a pessoa que o comete está acima de qualquer suspeita.
“Os crimes sexuais acontecem, em regra, sem a presença de testemunhas, e esse abusador ele é, em regra, uma pessoa do ciclo de confiança dessa família”, disse o juiz.
Sérgio Luiz Ribeiro de Souza também aconselhou que os pais conversem com seus filhos para explicar o que pode ou não acontecer e estar atento aos sinais e a fala dessa criança.
Entre sinais corporais e comportamentais que a criança pode apresentar o juiz explica que ela pode demonstrar medo dessa pessoa e, até mesmo, ficar deprimida.
“Ela começa a ficar muito retraída, ela começa a ficar deprimida, ela começa a ficar muito triste e, às vezes, quando ela sabe que vai estar nesse ambiente que a pessoa vai estar ela já não quer ficar, ela demonstra um sentimento de medo (...). Temos muitos processos contra crianças e adolescentes praticados por padrastos, pais, às vezes mães, irmãos, de todas as classes sociais. Não há classe social para isso, não há questão de nível de escolaridade, até porque a pedofilia é classificada como uma doença", completou o juiz.

Nenhum comentário: