Governo avalia, porém, que adiamento aumentaria as chances de derrota, em razão do ano eleitoral
Brasília. Com dificuldade para obter votos até a
próxima semana, o presidente Michel Temer e aliados admitem a
possibilidade de deixar para fevereiro a votação da reforma da
Previdência. O último balanço feito pelo Palácio do Planalto apontou um
placar estacionado em torno de 270 votos, abaixo dos 308 necessários. A
ideia do governo é tentar votar o texto entre os dias 18 e 20, antes do
início do recesso parlamentar.
Para tanto, quer iniciar na quinta (14) o debate o em plenário como
forma de estimular líderes partidários a saírem publicamente em defesa
da proposta -ao mesmo tempo, sentir a temperatura do quadro de votos.
Porém, diante do risco de não conseguir levar a estratégia adiante, o
Planalto passou a formular o discurso de que a votação pode ficar para
fevereiro.
"Sem dúvida alguma, se não conseguirmos (votar na semana que vem), vou
sentir que perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra", disse o
deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que assume quinta (14) como ministro da
articulação política (Secretaria de Governo) com a missão de angariar
mais apoio à reforma. No domingo (9), em viagem a Buenos Aires, o
presidente Temer havia admitido a possibilidade de adiar a votação.
O discurso foi compartilhado também pelo ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Tentativa
Mesmo com a expectativa pessimista, o presidente fará mais um esforço.
Isso porque o governo avalia que as chances de derrota em 2018 crescem
em razão do ano eleitoral. Ontem, o presidente ordenou, em reunião no
Palácio do Planalto, que os ministérios da Saúde, Cidades e Integração
Nacional agilizem até a próxima semana a liberação de emendas
parlamentares.
No caso da área da saúde, que tem mais gargalos, seria destinado, por
exemplo, a reformas de unidades hospitalares e entrega de ambulâncias.
Nas últimas semanas, integrantes da base aliada vinham reclamando que
emendas empenhadas na época da votação das denúncias da
Procuradoria-Geral da República contra o presidente não tinham sido
executadas.
Além disso, Temer pediu à equipe política um levantamento da tendência
de voto de todos os deputados governistas. Pelo balanço prévio feito
pelo Planalto, há 100 deputados governistas que estão indecisos, a
maioria de partidos como PSD e PR, que têm resistido em fechar questão
favorável à proposta. Para evitar um esvaziamento do plenário da Câmara,
no caso de a votação se confirmar na semana que vem, o peemedebista
pediu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que marque
para o dia 19 a votação pelo Congresso do Orçamento, no que foi
atendido.
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