Brasil
Este ano, 33 alunas foram recebidas na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Agência Brasil
Pela
primeira vez na história do Exército Brasileiro, as mulheres poderão se
tornar oficiais combatentes e chegar à patente de general e até ao
comando do Exército. Este ano, 33 alunas foram recebidas na Academia
Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no estado do Rio de
Janeiro, e serão as pioneiras na linha de ensino militar bélico da
força.
No
fim de janeiro, elas foram recebidas na academia, oriundas da Escola
Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), para o período de
adaptação e, neste sábado(17), entraram oficialmente na Aman, na
cerimônia de passagem dos novos cadetes pelo Portão Monumental. Somente
após essa cerimônia, o aluno passa a ser chamado de cadete e, após o
curso de quatro anos de formação de oficial combatente, é declarado como
aspirante a oficial.
Em entrevista à
Agência Brasil, a aluna Ana Luiza Santana, de 19 anos, disse que o
primeiro ano na EsPCEx foi muito gratificante. “Saí de lá bem melhor que
entrei”, disse. “Homens e mulheres têm pontos de vista diferentes sobre
os mesmos assuntos. Isso pode acrescentar ao Exército”, ressaltou Luiza
ao comentar a decisão do Exército em aceitar as mulheres na linha
bélica. “Está sendo uma vitória para mim. A formação é difícil, mas eu
sinto que consigo me superar a cada dia”.
Segundo
o subcomandante da Aman, coronel Sebastião Roberto de Oliveira, há
quase 30 anos, o Exército tem comandantes e oficiais mulheres nas áreas
de tecnologia, saúde e educação, por exemplo. “Já não nos estranha a
presença feminina, encaramos de forma natural. Há uma integração
positiva entre eles. Agora vão estar mais na frente de combate”, disse.
Oliveira
explicou que toda a academia foi preparada e adaptada para a inserção
das mulheres, foram feitas tanto mudanças estruturais, em alojamentos e
regulamentos de vestimenta, por exemplo, como a capacitação de
instrutores. “Mas não tem tratamento diferenciado”, disse, ressaltando
que os aspectos fisiológicos e capacidades físicas são respeitadas.
Para
o coronel, as características que são mais expressivas nas mulheres
também poderão contribuir para sua função no Exército. “A
comunicabilidade da mulher, ela é mais comunicativa, pode ajudar em
alguns aspectos. Elas também são mais detalhistas, e podem ajudar também
com essa habilidade”, explicou. “Estamos bastante felizes. É algo
natural na sociedade, a mulher sendo valorizada. Somos parte da
sociedade, e a presença da mulher é bastante importante”, disse.
Segundo
a aluna Maria Cecília da Silva Vieira, de 18 anos, a adaptação na Aman
está acontecendo de forma natural. “A gente não fica lembrando que é a
primeira turma [com mulheres], me sinto incluída, especialmente pelos
homens da minha turma”, disse. Ela revela que ainda não pensou qual
curso escolherá na academia. “Aqui, na Aman, como é muito puxado [o
treinamento], acho que posso falar por todos os alunos, que a nossa
aspiração é chegar até o final de semana”, disse ela, rindo.
O
concurso para a EsPCEx reservou 10% do número de vagas masculinas para
as mulheres; 400 homens e 40 mulheres ingressaram na escola
preparatória. Dessas, 33 passaram para a Aman. Este ano, elas realizarão
o curso básico e, do segundo ao quarto anos na academia, os cadetes
seguem a formação já dentro de cada especialidade - Armas (infantaria,
cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações), Quadro de Material
Bélico ou Serviço de Intendência.
Para o
aluno João Pedro Gomes, de 19 anos, é uma honra estar na primeira turma
com as mulheres. “Não existe competição, existe cooperação para o
trabalho. Eu acho que vai ser ótimo para o Exército”, disse.
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